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Setembro ou Novembro? Gigantes do comércio eletrônico discutem mudança da Black Friday

28 de agosto de 2017 | 3 comentários

A Black Friday brasileira poderá passar por uma drástica mudança em 2018: Deixar de ser realizada em novembro para ser praticada no mês de setembro.

A data mais movimentada do comércio está sendo disputada há 3 meses pelos players do varejo físico e integrantes do e-commerce. Foram realizadas três reuniões para debater o tema, com a presença de 45 empresários, e mais uma deve acontecer ainda nos próximos meses.

Cada lado tem motivos fortes para defender, e dependendo de quem decidir esse impasse, o varejo mudará completamente no ano que vem. Fique sabendo de todos os detalhes e como podem afetar o seu negócio!

Por que mudar a Black Friday para setembro?

Associações como a Alshop, Abrasce e ABF defendem a mudança da Black Friday para afastar a data do Natal, evitando a queima de margens desnecessárias, já que em novembro o brasileiro já consumiria em grandes volumes de qualquer forma.

“Quem compra com desconto no final de novembro está antecipando às compras do Natal. O resultado disso é que as vendas de dezembro tem um volume muito menor”. – Luis Augusto da Silva, diretor institucional da Alshop.

O impacto foi sentido no ano passado e em 2015, quando, segundo ele, a Black Friday ‘roubou’ as vendas do Natal.

Outro problema de a celebração ocorrer em novembro, para o presidente da Chilli Beans, Caito Maia, é que a data faz com que o consumidor entre em dezembro com a ‘cabeça de desconto’, esperando que as varejistas continuem oferecendo promoções nas vendas. “O Black Friday destruiu os dois últimos Natais no Brasil”, diz.

E nem todos do e-commerce são contra a mudança. É o caso de Gabriel Lima, fundador da Enext Consultoria e especialista em e-commerce. Para Gabriel, o brasileiro é mais sensível a descontos agressivos do que a uma data específica, diferente do consumidor americano que busca lançamentos e tendências. Afirma ainda que o 13º salário não deve ser um fator de peso na decisão, já que o consumidor também é atraído por facilidades como condições de pagamento especiais.

A Privalia, uma outlet virtual, também acredita que a mudança de data seria positiva, pois setembro é considerado um “mês morto” no e-commerce.

“O próprio E-bit divulgou alguns dados que mostram que a maioria das pessoas compram para si mesmas na época da Black Friday [e não presentes de Natal], o que mostra que não necessariamente as pessoas esperem até novembro para comprar”, diz Débora Capobianco, Head de Marketing da Privalia.

Por que manter a Black Friday em novembro?

O comércio eletrônico, representado nos debates pela Câmara Brasileira do Comércio Eletrônico (câmara-e.net), entidade de associados que representam cerca de 90% do faturamento do e-commerce, entende que a modificação seria extremamente prejudicial ao setor. Isso se dá por dois motivos:

  1. A data ficaria deslocada do restante do mundo, perdendo o marketing global que se faz em torno do evento;
  2. O fator conjuntural do décimo terceiro salário em mãos seria perdido.

Gerson Rolim, diretor de comunicação da câmara-e.net, afirma que a Black Friday foi trazida pelo e-commerce e, independente do varejo físico mudar, o e-commerce continuará fazendo em novembro. Não existe nenhum país do mundo onde a Black Friday ocorra em um dia diferente.

O Buscapé compartilha da opinião de Rolim, afirmando por meio de nota que a intenção de mudar a data é exclusiva do varejo físico.

Sobre o impacto da data promocional no resultado do Natal, Rolim questiona: “Será que o resultado fraco do Natal não é por conta da crise? E se olharmos o quadro maior, a Black Friday é muito boa, porque mesmo na recessão ela está ‘bombando’ no Brasil”.

Para Ângelo Vicente, sócio proprietário da loja virtual E-Cadeiras, o 13º salário é uma das maiores justificativas para manter a Black Friday em novembro. Vicente diz: “Nesta guerra, o digital é uma bomba nuclear e o varejo físico é uma pistola”.

Duas Black Fridays no ano?

Edilaine Godoi, gerente de e-commerce da Ikesaki, afirma que a iniciativa é negativa para a indústria que vem tentando uma “evangelização digital” dos players do setor, ao mostrar para cada um deles o que é a Black Friday. Edilaine acredita que alguns vão aderir à mudança, e outros, não.

Será que isso diluiria a Black Friday em dois momentos: o do varejo físico e do e-commerce? Isso fará o evento perder sua força no Brasil? Nos resta esperar o acordo entre as associações e os grandes players.

Fontes:

Especialistas e varejistas divergem sobre efeitos da mudança da data da Black Friday – E-commerce Brasil

Varejo físico quer mudar a data da Black Friday – SBVC

Comércio quer mudar a Black Friday para setembro e afastar data do Natal – DCI

Comércio quer mudar a Black Friday para setembro e afastar data do Natal – ABISA

Varejo físico quer mudar ‘Black Briday’ para setembro – Coisas do Comércio

Comércio quer mudar a Black Friday para setembro e afastar data do Natal – DataMark

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