Uma virada de chave, o “novo normal”, transformação digital, pode chamar como quiser, mas o ano de 2020, será um marco histórico para o E-commerce brasileiro, e esse artigo é justamente sobre esse grande marco na história do digital no Brasil e toda a trajetória para chegarmos onde chegamos hoje, ainda dinâmico e acelerado, também vale lembrar as expectativas a partir deste marco.
Uma breve retrospectiva do e-commerce no Brasil:
Em 2005 segundo dados do Ebit, o E-commerce transacionava cerca de R$ 1 bilhão/ano, e desde 2001, já tinha um crescimento considerável, porém, dentro da normalidade, já que ano a ano, até então em 2005, o crescimento era em torno de 0,2 a 0,3 bilhões ao ano.
Nos 5 anos seguintes entre 2005 e 2010, o E-commerce já estava em um ritmo mais acelerado de crescimento. Registrou em 2010 R$ 6,7 Bilhões, com crescimento em percentual, comparado ao ano anterior (2009) por exemplo, de aproximadamente 40%.
De 2010 a 2015, o faturamento do comércio eletrônico triplicava indo para R$ +18 Bilhões e desde então vem crescendo até o ano de 2019.
Só a nível de comparação, de 2018 a 2019 o crescimento registrado em percentual foi de 12%, sendo o mesmo de 2019 para o ano atual de 2020, também com crescimento de 12%.
E então chegamos em 2020!
Muito provavelmente teríamos mais um ano de crescimento no e-commerce, e vínhamos notando uma aceleração de alguns fatores mais específicos, por exemplo o M-commerce, as compras via dispositivos móveis já havia ultrapassado os 50% das compras online, também estávamos falando muito sobre o Omnichannel, onde as empresas estavam transformando suas operações físicas em multicanais.
Além disso, as grandes indústrias, também já se movimentavam, mesmo que lentamente, para atender o consumidor final, e aderirem ao modelo D2C (Direct-to-consumer).
Esses eram alguns movimentos que já estavam acontecendo, mas de certa forma, sem uma grande expressividade, O M-Commerce cada vez mais popular com a facilidade de compras por smartphones e outros dispositivos móveis, o Omnichannel ainda saindo do papel para a realidade e o D2C que ainda gerava desconfianças e um certo preconceito pela competição com os varejistas que ainda havia de ser encarada.
Pois bem, até aqui vimos que o E-commerce estava em crescimento e que algumas iniciativas pontuais estavam ajudando nesse processo, que estava acontecendo naturalmente dentro das projeções e expectativas do setor.
O que não estava nas projeções e também entre os fatores que estavam influenciando a digitalização, foi a pandemia do coronavírus (COVID-19). Esse fator veio como um balde de água fria, inicialmente, que entre os meses de Fevereiro e Março de 2020, derrubou as ações do varejo, fechou grandes empresas do comércio físico, impactando diretamente na economia brasileira e assustando também as empresas do E-commerce, que, naquele momento não saberiam prever se seria bom ou ruim mas só se sabia que, a partir de então, a rotina não seria mais a mesma e todas aquelas projeção que vinham sendo trazidas desde 2001, poderiam não fazer mais sentido, já que, o esperado para 2020, seria grandemente impactado, seja positivamente ou negativamente.
Inicialmente um caos!
A mídia só trazia notícias negativas e talvez não daria para ser diferente, porém, aquele movimento trouxe pânico e muitas incertezas aos empresários, empreendedores e trabalhadores.
Com o fechamento do comércio físico e o isolamento social, deixando a maior parte da população dentro de casa, o digital ganhou o foco central e não diferente, o E-commerce brasileiro passou a ser visto como a “salvação” das grandes varejistas e de certa forma a “válvula de escape” para as PMEs.
Era o momento em que o E-commerce deixava de ser uma opção de vendas, para ser necessidade de sobrevivência das empresas!
Começa a história do novo e-commerce brasileiro
A partir de Abril de 2020, a história sobre o novo E-commerce brasileiro começa a ser reescrita, agora no centro das atenções e com um crescimento fora do comum.
Foi então, quando começaram a se questionar quem havia feito a transformação digital das empresas, se eram de fato os grandes nomes por trás das grandes organizações ou se seria a pandemia. Os dois!
A pandemia acelerou todos os processos de digitalização das empresas, sejam elas apenas do mundo físico, onde passaram a trabalhar de forma remota, online, via aplicativos e com ajuda das redes sociais, onde todos estavam conectados naquele momento, então as empresas que ainda não estavam conectadas, se viram sem opções e logo tomaram decisões importante a fim de estarem presentem também no Digital.
O e-commerce explodiu!
Não posso generalizar, afinal, nem todas as categorias ou empresas inseridas no E-commerce tiveram êxito, mas pude acompanhar o crescimento de +1.500 empresas que tinham alguma presença digital, principalmente as inseridas nos canais de marketplace.
Com o fechamento do segundo trimestre de 2020, o Ebit que sempre teve uma influência e participação muito grande nos resultados do E-commerce brasileiro, não demorou para trazer os números. E confirmando o que já estava sendo esperado, trouxe o resultado exponencial das operações digitais, com um faturamento de R$ +38 Bilhões no E-commerce brasileiro, apenas dentro dos seis primeiros meses do ano. Um crescimento, se comparado aos seis primeiros meses também de 2019, em percentual de aproximadamente 47%.
O crescimento não deve parar por aí, e com certeza veremos isso nos próximos fechamentos do Ebit sobre o segundo semestre de 2020!
Sem criar grandes expectativas, o movimento do mercado, nos traz com segurança que, com esse novo E-commerce brasileiro, temos agora +7 milhões de novos e-consumidores (consumidor digital), que estarão aptos a comprarem pela segunda vez ou mais vezes nos próximos meses, e que, teremos um novo público conectado aguardando datas como a Black Friday e Natal, por exemplo.
Ou seja, oportunidades não vão faltar para as empresas que tomaram a decisão de se digitalizar, seja antes ou durante esse grande marco do E-commerce no Brasil.
Não podemos prever o futuro com certeza, mas sem dúvidas, 2020 foi um ano de transformação real no mindset de muitos CEO’s, diretores e gestores de organizações que antes, não priorizavam o comércio eletrônico, ou não tinham uma visão mais aberta sobre os consumidores digitais.
Além das inúmeras evoluções em tecnologia, logística, atendimento, experiência do cliente e outras frentes que se somam a esse grande resultado que tivemos durante e agora, com o pós-pandemia.
Estejam preparados para o novo E-commerce brasileiro, uma nova realidade, totalmente digitalizada, com um publico mais dinâmico, exigente e pronto para consumir sem preconceitos e medos. Onde empresas estarão cada vez mais presentes no digital, próximas do consumidor e atentas as mudanças que esse mercado proporciona, frente as inúmeras oportunidades que surgem no dia a dia das operações online.
Sobre o autor
Leandro Ratz é responsável pelo sucesso dos clientes no ANYMARKET. maior Hub de integração com marketplaces da América Latina.