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Métricas Ágeis: Tudo que você precisa saber para começar a aplicar no seu time

27 de dezembro de 2019 - Atualizado em: 29 de novembro de 2024
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Introdução 

Com o crescente interesse das organizações em utilizar métodos ágeis, vem surgindo uma nova necessidade: como medir e garantir que estamos no caminho certo.

Neste artigo pretendo falar sobre o que são as métricas ágeis e seus respectivos tipos, além de mostrar os motivos para se utilizar as métricas, o que deve ser medido e como fazer a medição. Fechamos com os pontos de atenção que devem ser evitados ao utilizá-las. 

Em resumo, vamos falar sobre: 

  • O que são métricas ágeis? 
  • Quais os tipos? 
  • Por que medir? 
  • O que medir? 
  • Como medir? 
  • Erros comuns ao usar métricas.

O que são métricas ágeis? 

Métrica é um método para determinar se um sistema, componente ou processo possui um certo atributo. Geralmente é calculada ou composta por duas ou mais medidas. Um exemplo de métrica é o número de bugs em um sistema: as medidas que compõem essa métrica são o número de bugs e a data em que ele foi identificado. 

Podemos dizer então que métricas ágeis nada mais são que uma forma de entender e analisar o sistema de trabalho de uma equipe ágil. Compreender a fluidez do processo através de dados possibilita um fluxo de melhoria contínua evolutiva, sem mudanças bruscas ou traumáticas, e de uma forma transparente para todos os envolvidos (equipe, stakeholders, gestores, entre outros). 

Quais os tipos? 

Métricas Técnicas 

São métricas que auxiliam na tomada de decisões técnicas que afetam a qualidade do que é entregue pelo time. Um exemplo de métrica técnica pode ser o tempo que o servidor fica no ar, afetando a disponibilidade da aplicação. A partir desse dado podemos tomar diversas ações para garantir a qualidade, como mudança de servidor para a nuvem, colocar em redundância, entre outros. 

Outros exemplos de métricas técnicas são: 

  • Número de bugs; 
  • Número de usuários logados no sistema; 
  • Code smells. 

Um ponto importante a se destacar é que a definição dessas métricas deve ficar sob responsabilidade do time, pois assim eles se sentirão mais responsáveis, donos dos itens e trabalharão com mais seriedade para cumprir e evoluir de forma positiva os indicadores. Portanto, o time irá definir a métrica, quais serão os limites, se irá gerar alertas, entre outros. 

Métricas de Negócio 

São métricas relacionadas a eficácia das tarefas e embora sejam muitas vezes abstratas, são possíveis de serem medidas. 

Antes de darmos exemplos de métricas de negócio, é importante deixarmos clara a diferença entre eficiência e eficácia. Segundo Peter Drucker: 

  • Eficiência: Consiste em fazer certo as coisas.  
  • Geralmente está relacionada a quantidade, volume do que é entregue.  
  • Eficácia: Consiste em fazer as coisas certas. 
  • Geralmente está relacionada ao valor daquilo que foi entregue. 

Imagine uma partida de futebol entre o time A e o time B onde foram geradas as seguintes estatísticas: 

  Time A  Time B 
Posse de bola  75%  25% 
Chutes no gol  15 
Gols marcados 

A partir desses dados podemos dizer que o time A foi eficiente, pois teve maior quantidade de posse de bola e chutes no gol, enquanto que o time B foi mais eficaz, pois venceu o jogo (gerou mais valor ganhando o jogo através dos gols marcados). 

São exemplos de métricas de negócio: 

  • Índices de satisfação; 
  • Analisar o ticket médio da empresa; 
  • Analisar o retorno sobre investimento. 

Métricas da Organização 

São métricas que medem a maturidade da agilidade dentro do ambiente organizacional e estão fortemente atreladas a motivação das pessoas. Quando falamos em motivação devemos ter em mente os seus três pilares fundamentais: 

  • Maestria: quanto mais especialista eu me torno, mais motivado eu me sinto; 
  • Autonomia: quanto mais liberdade de escolha eu possuo, mais motivado eu me sinto; 
  • Propósito: quanto mais meu trabalho gera impactos positivos e satisfação, mais motivado eu me sinto. 

São exemplos de métricas da organização: 

  • Squad health check 
  • Índice de felicidade 

Métricas do Processo 

São métricas relacionadas a velocidade de entrega dentro do fluxo de trabalho. 

Ela auxilia na visibilidade e mede pequenos progressos dentro do processo de trabalho, possibilitando melhorias na eficiência da equipe. 

São exemplos de métricas do processo: 

Métricas da Vaidade 

São métricas que não auxiliam na tomada de decisão e que, portanto, não motivam uma mudança para evolução do time/produto. Muitas vezes elas se tornam uma armadilha, pois ao invés de servir como um parâmetro para ajustes e melhorias acabam sendo usadas para uma felicidade momentânea, no fundo não tem informações suficientes para nos direcionar pra uma decisão. 

São exemplos de métricas de vaidade: 

  • Número de likes 
  • Downloads de apps 
  • Número de compartilhamentos 
  • Número de seguidores 

Por que medir? 

O princípio básico de medirmos qualquer coisa é a necessidade de tomarmos uma decisão. Se obtemos uma informação apenas por medir, ela será apenas um dado isolado, sem relevância. 

Uma forma de fazermos um filtro nas métricas que utilizamos, tanto no ambiente profissional quanto no pessoal, é pensarmos em qual decisão essas métricas nos ajudam a tomar. As que encontram relação valem a pena serem mantidas, caso contrário vale uma reflexão para verificar se não estamos com métricas de vaidade atrapalhando na evolução do time, por exemplo. 

O que medir? 

Quando vamos decidir se vale ou não a pena medirmos alguma informação temos que ter em mente que há duas variáveis a serem analisadas: 

  • Quanto eu ganho quando eu tomo a decisão de fazer a medição? 
  • Quanto custa medir tal informação? 

Tudo que medimos e que nos gera relevância são métricas de valor real, que valem a pena serem incorporadas. 

Como medir? 

Muitas vezes quando vamos extrair uma métrica nos preocupamos em garantir a precisão e ter certeza absoluta dos dados que estamos utilizando, porém para que a métrica tenha valor basta que ela nos ajude a reduzir o grau de incerteza e assim possamos tomar uma decisão. 

A forma como vamos medir pode conter uma margem de erro, desde que ela esteja dentro de uma margem que nos possibilite tomar a decisão. Por exemplo, se preciso comprar uma porta nova para a sala de aula e tenho duas opções disponíveis: uma de 1,90m e outra de 2,10m. Eu sei que o Pedro é o aluno mais alto, mas não tenho uma fita métrica disponível para saber quanto exatamente ele mede. Decido fazer uma comparação da altura do Pedro com as portas e chego a conclusão que o Pedro é mais alto que a porta de 1,90m e mais baixo que a de 2,10m, portanto consigo tomar a decisão de comprar a porta de 2,10m mesmo sem ter a altura exata de Pedro, sei somente que é algo entre 1,90m e 2,10m.  

Erros comuns ao usar métricas 

  • Métricas sem contexto: um dos equívocos cometidos por muitos times que começam a usar métricas é acreditar cegamente nos dados que são extraídos, sem fazer relação com o contexto de onde se originaram ou com o qual estão sendo comparados. Um exemplo exagerado é o gráfico a seguir, que compara o número de filmes com o Nicolas Cage e a quantidade de afogamentos em piscina: 

Se formos analisar somente os dados fornecidos podemos chegar a uma conclusão equivocada de que os afogamentos são causados diretamente pelos filmes com Nicolas Cage pelo fato das curvas dos gráficos evoluírem de forma muito parecida. Porém sabemos que isso não é verdade, pois não há correlação entre os dois contextos. 

  • Métricas individuais: é muito importante disponibilizar um ambiente onde as pessoas se sintam livres para criar, ter autonomia e engajamento com os propósitos da empresa. Ao começar a medir quantas linhas de código são feitas ou quantas horas o funcionário ficou na sua estação de trabalho o foco passa a ser a cobrança de performance, comparação de desempenho e microgerenciamento, levando a criação de uma cultura de abuso de poder. 
  • Métricas usadas para comparar equipes: outro equívoco bastante comum quando se começa a usar métricas são as comparações entre equipes. Cada time está envolvido em um contexto e com pessoas diferentes, o que faz com que seja totalmente normal que eles apresentem um ritmo de entrega variado. Lembre-se, métricas com origens distintas requerem análises específicas para cada uma delas.  

Conclusão 

Concluímos aqui essa introdução sobre as métricas ágeis com as informações necessárias para que você possa aplicar no seu time. 

Espero que você possa extrair ao máximo os conceitos e referências apresentados! 

Fico a disposição para esclarecer eventuais dúvidas nos comentários e também para conversarmos mais sobre as métricas ágeis. 

Bônus 

Pra quem assim como eu está começando nessa jornada das métricas ágeis, deixo um link de uma postagem do meu amigo Raphael Albino, com as principais referências nacionais e internacionais sobre o assunto: 

https://www.linkedin.com/pulse/m%C3%A9tricas-em-equipes-%C3%A1geis-refer%C3%AAncias-raphael-donaire-albino

Nesse link você vai encontrar desde artigos e livros sobre o tema, até referências de ferramentas gratuitas que podem ser usadas para extrair e projetar os dados. 

Sobre o autor

Nicholas é formado em ciência da computação pela Unesp/Bauru e possui as certificações Kanban Oficial LKU – KMP I e Scrum Fundamentals Certified. Faz parte da equipe da fábrica do ANYMARKET, atuando como Analista de negócios. Se interessa por assuntos como métricas e metodologias ágeis, Management 3.0 e comunicação.

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